Friday, May 30, 2008

Minha primeira endoscopia


O ano começou difícil pra mim. Por uma série de fatores. Teve muita coisa boa, é verdade, mas o nível de desgraças ficou acima da média. Para coroar essa fase fantástica da minha vida miserável, meu organismo resolveu lembrar que todos os excessos que cometi nesses 26 anos estavam comemorando bodas (sei lá quais) e resolveu me presentear com uma bela úlcera, escolhendo, atenciosamente, o duodeno.

Eu nunca tinha tido azia antes (azia azia, daquela hardcore que não se cura com sal de frutas) até um dia qualquer de março. Meu estômago começou a arder e eu desconfiei que tinha alguma coisa errada. Aí tomei, pela primeira vez na vida, um antiácido e finalmente entendi do que aquelas propagandas de água apagando o fogo falavam. Só que a queimação voltou. E eu tomei outro antiácido. E quando acabou a cartela inteira no fim do dia, eu tive certeza de que algo estava errado.

O gastroenteriologista que me atendeu, o Dr. Kowalski, foi muito atencioso. Ele é um cara muito legal, do tipo que faz um verdadeiro esforço pro paciente acreditar que ele realmente se importa. Me mandou parar de fumar e eu que nunca tinha começado fiquei feliz da vida, jogava pelo empate. Mas nem deu tempo de comemorar, logo em seguida levei uns três gols. Aparentemente bebidas alcóolicas também não combinam com úlceras e, nos bons tempos, eu costumava beber uns 10 maços por fim de semana. Depois ele me deu três tipos de remédio diferentes, que eu tinha que tomar no café-da-manhã. Não,n ão assim. NO café-da-manhã. Durante, em meio a. Morde o sanduíche, toma o remédio, come o sanduíche. Sei lá porque (ele tentou explicar, eu tentei entender. Não consegui).

Claro que isso tudo aconteceu depois da endoscopia em questão, mas eu fiz o favor de guardar o melhor pro final. Melhor sim, e que melhor!

É uma doidera! A sala da endoscopia era muito limpa e clara, com um som tipo Enya tocando num volume em que ou o cara relaxa completamente ou fica doido na hora. Aí tu deita numa maca, recebe umas borrifadas de um anestésico pra garganta e uma agulha na veia com um sedativo. E nessa hora começa a viagem. É muito, muito louco. As coisas vão acontecendo e tu fica num estado de semiconsciência, como se tu soubesse exatamente o que está se passando ao mesmo tempo em que tu fica sonhando de olhos abertos com uma nuvem preta em cima, como se o negócio não fosse contigo. Tenho quase certeza de que o médico falou comigo e que eu respondi. Eu me esforço pra lembrar dos detalhes, mas simplesmente não dá pra saber o que de fato aconteceu ou não. Aí do nada, como se tivesse passado 1 hora em 1 segundo, tu levanta e vai pra salinha do lado.

Essa é a melhor parte. Tu deita e um monte de coisas te passam pela cabeça. É como se tu ficasse bêbado na maneira de pensar, mas sóbrio no jeito de processar as informações. Tu vê um monte, tem várias idéias, todas sem sentido como um sonho qualquer e tu sabe disso. É muito engraçado, tu dá muita risada disso tudo - e a tua namorada morre de vergonha. Sem contar que é confortável pra burro lá, aquele tipo de conforto friozinho que tinha no Salão Nobre do colégio. Eu fui de manhã, tava com altos sono, e aí foi mais legal ainda. Sonhei um monte.

Muito legal fazer endoscopia. Mês que vem tem mais. Mal posso esperar.

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Mas o Tio Sam não me queria?

Eu sempre fui na contramão dos que criticavam a burocracia atual pra retirada do Visto Americano e defendi os Estados Unidos. Achava que eles tinham sua parcela de razão por causa do 11/09. Foi um acontecimento horrível e traumático que demandava medidas extremas. Isso até eu ser vítima da intolerância John.

Concordando ou não com eles, tirar Visto é um saco. São centenas de metros de pessoas enfileiradas como se fossem gado, torcendo pro “entrevistador” da vez não enxergar traços de terrorismo ou de vontade em viver ilegalmente nos EUA na cara delas. E horas e horas e horas de espera, claro.

Isso tudo é relevado se tu consegue chegar lá e ir embora na boa. Mas não foi bem o meu caso. Meus pais iam viajar pra Las Vegas agora em maio e a chance de eu ir junto era remotíssima. Eu trabalho e estudo, não tenho como simplesmente sair. Mas mesmo assim, fui junto pra aproveitar a viagem e já tirar meu Visto, pro caso de eu querer sair do País n(d)o futuro.

O cara que nos atendeu era um John que falava português. Tudo ia bem até ele resolver encrencar comigo:

- Ondi vossê ixtudou?
- Na Furb.
- Ondi???
- Na Furb.
...
- Universidade Regional de Blumenau
- Universsidad... ?
- É, mas eles chama de Furb, por causa do F de Fundação
- Hmmm...
(continua fazendo o sei lá o que dele)
- E agourra você faz o que?
- Gerenciamento de Marketing. Marketing
- Mas ondi?
- Na Furb.
- Ondi??
- Na Universidade Regional de Blumenau! No mesmo lugar!

Você eu não quero, Baud!

Aí ele falou que os Vistos iam demorar cerca de um mês pra chegar. A gente questionou, porque todo mundo sabe que normalmente não demora tanto - o do Utus e o do Peru levaram 6 dias. Ele explicou que simplesmente estavam atrasando e pronto. Beleza, se é assim... Só que na hora de pagar o Sedex, na salinha do caixa, tinha um cartaz que desmentia o John dizendo que o tempo médio era de 1 semana. Estranho pra caramba...

Voltamos pra casa e esperamos dias. Semanas. E nada dos Vistos. Estão atrasando mesmo, o John tinha razão, a gente pensou. Até que na semana passada chegou o Visto da Tchuca, que fez junto com a gente. E nada dos nossos. Meu pai tentou ligar pra lá, tentou descobrir o que estava acontecendo de todas as formas possíveis e impossíveis. E numa dessas investidas impossíveis (porque ninguém te dá informação nenhuma, é tudo muito absoluto e secreto) acabou descobrindo que o Visto dele e da minha mãe já estão prontos há 15 dias. O problema é justamente com o meu.

E por causa disso, é bem provável que meus pais sejam obrigados a desistir de viajar.

Além da revolta que isso causa, é curioso pensar que, mesmo com a cultura do medo causada pela queda das Torres Gêmeas, a segurança dos Estados Unidos está nas mãos arbitrárias de um John rosado. Porque se comigo, uma pessoa que não tenho nada contra eles, que não queria de forma alguma causar mal ao país deles, que não queria de forma alguma morar lá, eles cometeram um erro de julgamento, podem muito bem cometer o mesmo erro com alguém mal intencionado.

E depois dessa palhaçada toda, tomara que cometam logo!

UPDATE: aparentemente, o causador de todo o celeuma foi o fato do meu irmão ter residido nos Estados Unidos de dezembro do ano passado até o final de abril desse ano. O fato de duas pessoas terem nascido no mesmo dia, no mesmo lugar e serem filhos dos mesmos pais fundiu a cuca da galiera da Embaixada.

Tudo bem, é compreensível que haja uma confusão, mas levar 15 dias pra resolver? Duas semanas? Dá pra imaginar o nível intelectual da galiera de lá "pessoal, o dia que tanto esperávamos chegou... descobrimos o portal para uma realidade alternativa!".

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Monday, May 26, 2008

=W= Weezer - Pork and Beans =W=

Com Beatles, Los Hermanos e Libertines no meu top 5 musical, cai sobre os ombros do Weezer e do Oasis a responsabilidade de trazer novas faixas para a trilha sonora dos melhores momentos da minha vida. Por isso é meio que um big deal evento de proporções consideráveis quando eles lançam um disco novo.

O do Oasis eu consigo deixar passar um pouco mais batido. Eles até são hierarquicamente superiores na minha lista, também tem um sem-número de hinos de badernas passadas, mas eu consigo resistir e esperar o disco sair pra ouvir as músicas novas (aliás, acho que esse é o melhor conselho que eu poderia dar: não ouçam um disco a conta-gotas, esperem ele vazar inteiro. E não leiam as sinopses dos filmes).



Com o Weezer é um pouco diferente, parece que tem um valor mais sentimental. Deve ser porque eles ainda são uma banda relativamente desconhecida aqui em Blumenau – onde “Ice Ice Baby” ainda bombava lá em 97, 98 – e daí meio que tem aquele sabor de tesouro secreto que os fãs mais antigos de Seinfeld conhecem tão bem.

O último deles não foi muito legal. Tem ótimas músicas, tem boas músicas, mas tem também músicas ruins e péssimas. Péssimas mesmo, daquelas de dar vergonha. E por isso eu fiquei tão decepcionado, esperava bem mais. Assim, é com muita alegria e satisfação que compartilho o novo single com a galiera, um rock da melhor qualidade:



Que idéia genial pra um clipe. Aliás, como não pensaram nisso antes? Pô, tem até o carinha do "Chocolate Rain". Bem que poderiam ter colocado também uma paródia pras esteiras do Ok Go!... E se esse é o tipo de som que deve permear o próximo disco, temos uma pérola a caminho. É uma evolução natural pro que de melhor o Weezer já fez (aliás, pra quem quiser me julgar: musicalmente falando, eu acho “Hash Pipe” a melhor da banda desde o Pinkerton). Vamos torcer pro Rivers não ter encontrado mais nenhum bicho no meio da noite.

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Friday, May 23, 2008

18

quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta minha adolescência

vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência

vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito

vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito

então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência

(Paulo Leminski)

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Wednesday, May 21, 2008

Torço, mas não acredito




Ora, ora, quem diria. E não é que o BEC voltou? Com o nome espertinho de "Blumenau Empreendimentos Comunitários" e escudo parecido (igual - não esse da foto), lá vem ele de novo. Mais uma vez.

Não sou apenas cético em relação à volta do BEC. Sou também crítico. Se dependesse apenas de mim, o time não voltaria de jeito nenhum. Pelo menos não agora. Blumenau (ainda) não tem espaço pra duas equipes de futebol. O interesse é baixo e o investimento menor ainda. Imaginem dividido por dois.

Acho que a saída seria apostar no Metropolitano por mais algum tempo. As cerca de 20 micro e pequenas empresas deveriam investir no Verdão, ajudar a torná-lo um time forte. Assim, os resultados viriam, o futebol da cidade se fortaleceria e atrairia a atenção de investidores de fora. E aí sim o terreno estaria pronto pra receber outra equipe. No caso, o BEC.

A torcida, claro, não deve concordar com isso. Aliás, pra mim ainda é engraçado em falar em torcida. Na época em que o time ainda existia, isso nos meus 14, 15 anos, ninguém era torcedor do BEC. Ele era uma espécie de alívio cômico entre flamenguistas, vascaínos, são paulinos, corintianos e afins, uma piada constante em discussões sobre que time era melhor. "Ah, o melhor do Brasil é o BEC!" e todo mundo ria. A gente ia pro estádio assistir os jogos e não tava nem aí se ele ganhava ou perdia.

Então imaginem esse tipo de torcedor, que existe em bom número, que nunca levou o BEC a sério, que acompanhou as idas e vindas fracassadas do time nos últimos anos, que viu o Aderbal Ramos da Silva ser demolido, recebendo a notícia de que o saudoso Blumenau Esporte Clube, digo, Blumenau Empreendimentos Comunitários, voltou. Vai ficar surpreso, sem dúvida. Mas vai ficar também cético e desinteressado. Ou alguém acredita que a cidade inteira vai prestigiar o Estadual da Divisão de Acesso - a Terceira Divisão catarinense - e os embates contra times como Videira e Xanxerê?

Não quero ser desrespeitoso. Entendo como é torcer pra um time de futebol. Mas pra mim, trazer um clube de volta pra vê-lo cambalear durante 6 meses até acabar completamente, uma vez, duas vezes, três vezes, é a pior forma de macular as glórias do passado.

Torço pra que esse não seja o destino da atual encarnação do BEC. Mas sinceramente não acredito que as coisas serão diferentes.

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Fake Plastic Trees

Engraçado como algumas coisas funcionam. Tem tudo pra melhorar, mas acabam passando a entrada em Albuquerque e vão pra um caminho todo estranho. O Photoshop, por exemplo. Uma ferramenta fantástica, mas que ao invés de tornar sua aplicação melhor a medida que ia evoluindo, acabou abrindo as portas de um mundo terrível, cheio de exageros e distorções.

Dêem uma olhada nessas duas fotos abaixo. São de 2001, do ensaio da Jaime Pressly pra revista Maxim.


Retocadas? Sem dúvida alguma. Provavelmente mexeram na luz, nas cores e apagaram algumas manchas (não vou cometer a heresia de dizer imperfeições). Mas o resultado final ficou extremamente natural, presenteando os leitores com uma bela foto. Muito boa!

Sete anos se passam, o Photoshop ganha um monte de melhorias e nossas bancas são invadidas por:


O que é isso? Uma ilustração? Uma foto? Um 3D mal feito? Que tipo de retoque é esse que pega uma bunda de 121cm e transforma num balão liso e uniforme, sem qualquer senso de volume ou profundidade? Parece mais um daqueles testes do borrão! “Nessa foto, Doutor, eu vejo um ótimo exemplo de como a humanidade distorceu completamente os conceitos de retoque digital”.

A moda agora parece ser essa: deixar as mulheres com aspecto de plástico, como se qualquer marca natural, sinal, dobra ou, sei lá, pele fossem deformações. O pior é que isso fica tão evidente que ao invés de melhorar acaba fazendo apenas entregando se a mulher é realmente bonita ou não. Por exemplo, na Sexy desse mês com a cafetina brasileira. São 21 fotos. Quantas dela de costas? Uma! Ué... SERÁ que tem algo errado? Vejamos:

Agora tudo ficou claro. Acho até que seria mais correto dizer que usaram muita bunda no Photoshop.

Ok, agora podem me xingar. Podem defender as revistas masculinas argumentando que a coisa anda difícil, que as vendas caíram com a chegada da internet e que elas precisam investir mais em nome do que em beleza, pra gerar curiosidade e alavancar as vendas. Eu concordo com isso tudo, assino embaixo. Mas podem me explicar o que diabos é ISSO:


Alguém sabe diferenciar se o maiô da foto da direita tem recortes laterais ou detalhes cor da pele?

É, galiera, a coisa anda complicada e sem sinais de que vai melhorar. Muito em breve acredito que este será o padrão das mulheres que estamparão as capas das nossas revistas de beleza:

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Tuesday, May 20, 2008

Queimem no inferno, malditos!

Eu sempre quis escrever sobre o Barrados no Baile (estou preparando um Especial já faz uns dois anos) mas nunca imaginei que isso fosse acabar acontecendo em condições tão terríveis. Eles... eles vão fazer um remake! Vão macular a memória de uma das séries mais emblemáticas da adolescência anos 90! Será que nada mais é sagrado?


Olha só que palha o elenco. Um monte de josé posando de moderninho, prontos pra serem a nova onda do momento. Dá pra identificar o mané, a vadia, a certinha... todos eles sem um pingo de carisma. O que a namorada do Uncle Jessie está fazendo ali? Se duvidar ela vai fazer parte da turma, interpretando a mais velha de quase 20 anos.

Não que a original fosse aquela maravilha toda. Longe disso. A primeira temporada, por exemplo, era ingênua até para o padrão Malhação, com histórias do tipo “Brandon contra o preconceito” e “A Família Walsh salva o Natal”. E olha que essa foi a melhor. Depois a série foi ladeira abaixo, atingindo o fundo do poço na 8a. Os dois últimos anos até que colocaram as coisas nos eixos e o saldo final acabou sendo positivo. Até.

Mas o legal do Barrados era justamente essa ingenuidade inacreditável do início, que não tinha pressa alguma em surpreender ou trazer uma reviravolta - bem o que falta às séries “mudernas” do momento, que querem que o espectador tenha um filho a cada episódio e acabam se apagando aos poucos, de maneira triste. Né O.C.? - e claro, o elenco, talvez um dos melhores já reunidos em uma série de TV.

Não tenho dúvida alguma que essa nova versão vai ser um fracasso (torço pra isso. Daqui a pouco vão querer refilmar Seinfeld!). Pior ainda vai ser assistir os atores da série antiga pagando mico em aparições especiais, tipo “eu sou o Nat, dono do lugar... você me lembra um jovem rapaz que costumava trabalhar aqui”. Ou então personagens velhos introduzindo novos, tipo a Andrea levando a filha dela com o Jessie pra estudar no West Beverly. Bom, chance pra queimar o bigode é o que não vai faltar.

A única coisa que eu não consigo imaginar é como eles vão batizar essa coisa. “Beverly Hills 90210 2”? “Ainda Barrados no Baile”? “Barrados no Baile... de novo!”?. Se bem que isso vai ser o menos importante se tiverem o bom senso de manter a música da abertura original. Tcharararam... tchararam PLAC PLAC... ai ai, bons tempos.

Fica aí a boa e velha galiera, pra matar a saudade da época em que éramos todos jovens e cheios de sonhos.

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Friday, May 16, 2008

Biriba Momento

Luciano Bebê admite interesse em defender Criciúma
http://esportes.terra.com.br/futebol/brasileiro/2008/interna/0,,OI2889640-EI11422,00.html

Duvido que seja um bom negócio. O Tigre está num momento complicado, deveria investir num jogador mais maduro. Futebol tem que ser levado a sério, não é brincadeira de criança, não. Se não deixar isso claro, é capaz do cara só mamar na teta do clube. E já pensou se ele põe tudo a perder por causa de um lance infantil? Vai abrir o berreiro!

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Thursday, May 15, 2008

Parágrafo perdido #1

Aí eu acordei. Mas era quase como se não tivesse acordado. Abri os olhos e continuou tudo escuro. Mesmo assim eu sabia que estava apertado como uma sardinha. Eu podia sentir minha respiração bater e voltar pra mim. O teto estava próximo, quase encostava no meu nariz. Tentei abrir os braços, mas não tinha espaço. Mal e mal eles podiam sair do lugar. Dobrando um pouco meus pés pra baixo, logo toquei o chão. Eu estava na porra de um caixão. As paredes eram muito duras, pareciam ser feitas de mármore. E eram recobertas por um carpete fino, bem fino que logo começou a me cutucar como se fosse feito de espinhos. Comecei a senti-los também no meu nariz. Eu só imaginava o quanto de ácaros e pó não devia estar preso ali dentro junto comigo, talvez alguns insetos também, e logo comecei a suar e meu corpo todo a coçar. Era muito difícil não entrar em desespero, então tentei ocupar minha mente imaginando como fui parar ali. Curiosamente, era difícil de pensar. Nem tanto pela atmosfera, fazia um silêncio como eu nunca tinha visto antes. Ou melhor, ouvido. Silêncio que eu tinha ouvido... ? O que importa é que chegava a apitar de tão quieto e eu simplesmente não conseguia me concentrar. Porque eu estava na porra de um caixão! Alguém tinha cometido um engano terrível! Ou pior ainda, um acerto. Eu sempre tive curiosidade em saber o que eu faria pra escapar de um caixão se tivesse sido enterrado vivo. Finalmente, ia ter a oportunidade de descobrir. Infelizmente.

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Novidade jóia



Decidi ainda pouco que vou fazer um outro blog. Um blog só sobre o Flamengo (e futebol também. Mas mais o Flamengo).

O foda agora vai ser escolher um nome... eu sou péssimo com nomes, um verdadeiro desastre. Quando eu era menor queria que meu nome fosse Walter. Eu tinha meus motivos, mas até hoje sou alvo de chacota em eventos familiares.

De qualquer forma, por todo o meu amor pelo Mengão, vou dar o melhor de mim e escolher um nome legal, que seja minimamente original. Prometo tentar fugir do clássico [substantivo] rubro-negro. O Flamengo sempre dedicou suas conquistas à torcida, agora é minha vez de retribuir e dedicar um título a ele. E um título decente!

Ou não me chamo Walter!

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Thursday, May 01, 2008

Demorei pra postar

O Flamengo finalmente está no ponto. Não em matéria de futebol jogado, mas no que diz respeito à distância que caminhou jogando esse futebol: aquele ponto clichê onde uma ou duas partidas definem o resultado de um semestre ou mais de trabalho – um clichê bom, diga-se, já que ele é exclusivo dos times vencedores. Lá no Vasco, por exemplo, ele é conhecido como “reviravolta inesperada”, assim mesmo, com pleonasmo, pra ver o grau de desespero em São Januário.

Se o Joel diz que vai jogar com time misto, eu digo que acho errado. Da mesma forma que achei quando ele escalou o Marcinho de atacante contra o Nacional no Rio e o time do ano passado pra grande (e alta) partida em Cuzco, mais de 3.000m acima do bom senso. Eu nem mesmo gostei muito quando o Papai chegou ano passado. Então se eu acho errado, tá tudo certo. É a maior conquista de Joel Santana na sua última passagem pelo Flamengo: o benefício da dúvida.


A idéia de um bom resultado na quarta e um título no domingo é tentadora, sem dúvida alguma. E possível. Temos bons reservas. Poupando Ibson, Renato Augusto, Souza e Kleberson, o Flamengo poderia entrar tranqüilamente com Jaílton, Gavillan, Jônatas e Maxi, time suficiente pra sair de lá com uma vitória. E de lambuja ainda podia substituir os laterais no intervalo. É possível, muito possível.


É claro que o time vai sentir o cansaço na partida de domingo e também é provável que esse detalhe nos custe a vitória. Mas discordo de quem diz que o placar de 1x0 na semana passada foi pouco e que o Botafogo é favorito.


Pra começar, clássico é clássico, como versa o Vasco. Nossos últimos cinco Cariocas foram conquistados em condições adversas contra equipes superiores, ao passo que nas principais derrotas do Fogão no ano passado, eles eram “o time a ser batido”. Além disso, eles devem manter a fama de time mais “no limite” do Brasil. Vão entrar pilhados demais, nervosos, correndo que nem loucos. O Flamengo pode fazer disso um trunfo. Não podemos esquecer também do grande reforço do Juca Kfouri, o pé-frio mais jornalista do Brasil, que logo tratou de passar o favoritismo pro pessoal de General Severiano. Valeu, Juca!


E se a gente perder? Ora, falando sério, quem liga pro Carioca?

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