Thursday, April 24, 2008

Espaço: 120l (um Gordo, daqueles bem porrrrco)

Hoje de manhã eu estava pensando na campanha pra 90fm que eu e o Rafael estamos criando lá na agência (como é engraçado o verbo ser/estar. Falar “nós tamo” é tão natural, mas quase impossível de escrever... “estamos” e “estávamos”, por outro lado, sai naturalmente no papel – ou na tela – mas é complicado de falar. Parece coisa de francesinho falando sobre a última viagem que fez de carro, durante o chá das cinco, enquanto declama Dom Casmurro pra noiva e tias, tipo “a viagem que fizemos para Petrópolis estava formidável”) e comecei a matutar um pouco sobre como seria legal uma promoção onde o participante deveria escrever sobre uma música que desperta emoções nele e a história por trás dela.

Eu e todo mundo somos cheios dessas histórias - “Stan” do Eminem me lembra o primeiro ano de faculdade, quando eu acordava cedo nas manhãs frias de outono pra dormir na aula de Teoria da Comunicação; o Blue Album me lembra cerveja, etc – mas se fosse participar, falaria sobre o Gordo. Seria mais ou menos assim:

Em 2001, eu e meus amigos combinamos de sair numa boate nova que estava abrindo naquele dia, o Bali Hai de Porto Belo. Fomos em dez pessoas divididas em dois carros, o meu e o do Indré. A fila quilométrica que levava até o Bali Hai não pareceu muito apetitosa pro Indré e pra namorada dele, então ele reclamou que estava tudo muito lotacittico (pro Brasil, não pra Itália) e foi embora. E o resto do pessoal ficou naquela de “a gente dá um jeito na hora de voltar” - que deve ser a frase mais dita antes de festas que acabam mal, juntamente com “pode encher que hoje a bebida não tá pegando” e “não se preocupe, eu até dirijo melhor bêbado”.

Quando chegamos às 6h no carro, ficou evidente que oito pessoas não cabem num Palio, principalmente num que veio com três isopores pra acomodar a bebida da galiera. A situação exigia uma verdadeira engenharia que não estávamos em condições de realizar. Demoramos um bom tempo pra achar uma solução – afinal, a dignidade ainda vinha em primeiro lugar e por isso ninguém se atreveu a sequer mencionar um possível tetris humano. De fato, só conseguimos evoluir depois que o Nener (rest in peace, Catatupis) arranjou carona pra voltar com outra pessoa. Aí ficamos em sete, “beeeeem” mais fácil!

O Djunio achava que “sem dúvida” era mais justo tirar dois-ou-um e colocar dois perdedores pra voltar de Praiana. Nessa hora, mesmo sendo obrigado a lutar contra o cansaço pra chegar em casa, fiquei feliz por ser o motorista. Só que obviamente ninguém queria ter que esperar ônibus e ainda pagar pra sair dali. Então, da mesma forma que surgem todas as idéias geniais, do nada apareceu a que nos salvaria: “se a gente colocar os isopores na frente, tem espaço no porta-malas”. E nessa hora eu fiquei mais feliz ainda por ser o motorista.

A viagem de volta em si foi tranqüila, com o pessoal socado em quatro no banco de trás bem quieto e os isopores empilhados no colo do Pelado, roçando no vidro do para-brisas e fazendo um barulho altos engraçado, e o som tocando o primeiro dos Strokes, como era moda naquela época (pra quem era legal como a gente).

Até hoje, quando escuto esse disco, lembro daquela e de outras festas do verão da época. Não só eu. Uns anos depois, quando a gente estava ouvindo “New York City Cops”, todo mundo concordou que ele lembrava muito os esquentas de 2001. O único que destoou um pouco foi o Gordo, cheio de nostalgia: “ai aizer, essa música me lembra o porta-malas do carro...”.

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